Bem-vindoa segunda edição do SIGNALS 🍸
Antes de iniciar a pauta desta semana, quero agradecer a você que assinou a newsletter. Quem é de verdade sabe quem é de mentira. Todos os feedbacks foram mega positivos e super importantes. Obrigado por fazer parte deste momento.
O que vem na sua cabeça quando você para pensar nos anos 2010?
Uma playlist indie rock? Um moletom com estampa de galáxia ou o vestido de carne da Lady Gaga no VMA?
Algo que vem muito forte na minha mente, era a quantidade de conteúdos melancólicos que eu consumia no Tumblr, We Heart it e Twitter. Lana Del Rey era minha nova icon e Born To Die meu mantra. Será que isso também vai voltar?
🖤 A melancolia dos anos 2010 🖤
Com o mundo ainda se recuperando da grande crise econômica de 2008, o início dos anos 2010 foram marcados por grandes lançamentos tecnológicos (Ipad da Apple), desastre naturais (terremoto no Haiti), Dilma Rousseff foi eleita a primeira mulher presidente do Brasil e Lana Del Rey explodia como a rainha do sadcore.
Sendo a última, parte de um grupo de cantoras conhecidas e eternizadas por suas histórias tristes e letras melancólicas envolvendo romances abusivos, vícios e problemas de saúde mental. Amy Winehouse, Marina And The Diamonds e Lana serviram de acolhimento para jovens que lidavam com situações semelhantes aos temas de suas criações, envolvendo depressão e ansiedade. Algo que com o passar do tempo, passou por uma breve romantização, servindo de referência estética e lifestyle.
Na internet, a ascensão do Tumblr abriu espaços para estes mesmos jovens expressarem seus sentimentos mais complexos e sensíveis, ao mesmo tempo, criando diversas comunidades de usuários que enfrentavam as mesmas situações — muitos delas envolvendo saúde mental.
Na TV, a série britânica Skins (2007 - 2014) retratava de maneira explicita e complexa o universo pré-adolescente, entre 14 e 17 anos, vivendo histórias envolvendo sexualidade, transtorno alimentares, drogas e depressão.
Mas o que difere a adolescência dos Millennials dos Gen Z? Em 2010, nós ainda estávamos nos adaptando aos novos caminhos da internet como uma plataforma de comunicação. Não eramos bombardeados por posts patrocinados, influencers não existiam, e principalmente, ser woke não era uma preocupação.
Mas se em 2010 era cool ser triste, como será que a nova geração de adolescentes lida com as suas emoções?
Em dois anos de pandemia nossa saúde mental foi extremamente afetada. Boa parte da geração Gen-Z foi obrigada a passar sua adolescência — uma fase extremamente importante para explorarmos nossos sentimentos e autoconhecimento — trancados em casa. Bombardeados por diversas notícias, boas e ruins, e em simultâneo, inseridos em um universo tão volátil e de extrema ansiedade.
Gen z VS saúde mental
✨ Uma pesquisa feita pela McKinsey & Company, empresa de consultoria empresarial americana, revelou que por conta da pandemia, a geração Z apresentou as taxas mais altas de problemas como ansiedade, depressão e angústia do que qualquer outra faixa etária. Além disso, descobriram que por conta do alto custo do plano de saúde nos Estados Unidos, muitos desistem de procurar ajuda de profissionais. Mas como alternativa, encontram em aplicativos como TikTok e Instagram, comunidades de apoio e troca de experiência.
✨ Um dos grandes diferenciais do TikTok é como os algoritmos são trabalhados, tornando a plataforma um facilitador no compartilhamento de conteúdos. As tags #Mentalhealth possui mais de 26.5 bilhões de visualizações, #MentalHealthJourney, com 52.4 milhões, e #MentalHealthSupport, 29,1 milhões. No app, diversos terapeutas compartilham conteúdos, de maneira clara e direta, envolvendo stigmas quando falamos de saúde mental.
O cuidado com a romantização
✨ Uma das minhas YouTubers favorita, Mina Le, fez uma análise maravilhosa e mega detalhada sobre o retorno da estética Tumblr Girl e a romantização que comentei no início da pauta.
Skins & Euphoria
✨ Assim como Skins abordava historias de adolescentes lidando com seus próprios traumas, Euphoria segue o mesmo fio, mas de maneira mais cuidadosa, de olho no impacto negativo que o telespectador está sujeito. A cada novo episódio uma advertência ressalta o quão explicito e triggering a série pode ser. Algo que em Skins nunca aconteceu. Mas o que mais podemos captar na forma em que ambas as séries foram construídas, mesmo que abordando temas semelhante em um tempo não tão distante um do outro?
✨ Skins retratava a personagem Effy (Kaya Scodelario), como uma garota descolada e idolatrada pela sua rebeldia e desdém. Euphoria não romantiza a situação da sua personagem principal, Rue (Zendaya). Inclusive, coloca o espectador em um lugar de empatia e compaixão pela luta diária da mesma contra o vício — mostrando sem filtro o quão destrutivo essa situação pode ser, e suas consequências.
Separa a blusinha gola Peter Pan e a Satchel marrom
✨ Recentemente, A Elle Brasil publicou uma matéria explicando o boom da estética twee no TikTok.
✨ Com o retorno da estética, a The Face fez uma matéria sobre o quão problemático ela era como padrão de beleza.
✨ Com o BBL (lifting de glúteos) saindo de moda e o indie-decadente entrando no lugar, a Dazed Beauty publicou uma análise da jornalista @isabelletruman sobre outra grande referência de moda entre 2008 – 2011. O heroin chic.
Confesso que fiquei animado com o retorno das estéticas twee, tumblr girl e indie-sleaze. Penso que pessoas próximas da minha idade (27 anos) vão experienciar um enorme conforto nostálgico. Diferente do Y2K, onde eramos na maioria crianças, as lembranças dos meados de 2010 ainda são extremamente frescas em nossas memórias.
Esta foi a edição dessa semana, o que achou?
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eu também escrevi sobre esses anos e a nostalgia. de uma perspectiva diferente. cool!