✨ EDIÇÃO 16#
Ozempic I Alimentação I Conexão I Varejo I Mounjaro I Clubes Gastronómicos
Como já contei em edições anteriores, estou buscando um lifestyle mais saudável… a new journey. Mês passado participei de um workshop focado em alimentação consciente. Conversamos sobre a nossa relação com a comida e minha experiência decadente com o Ozempic. Havia uma vibe bem hippie… aparentemente, o boho chic voltou à moda, – ou seja, let’s get into it. No final, aprendemos algumas receitas deliciosas e tive minha primeira experiência com a cerimônia do cacau. It was a vibe, e eu me permiti.
Numa das rodas de conversa, falamos sobre como atualmente nossa relação com a comida deixou de ser um momento de apreciação e troca (se estiver dividindo esse momento com mais pessoas), tornando-se apenas uma pausa de manutenção rápida para voltarmos a produzir com a esperança de entregarmos mais. Nos alimentamos de arroz com feijão, algoritmos ou notícias sobre mortes, além de ter crises climáticas como acompanhamento.
Na moda, sabemos que a narrativa da comida em campanhas busca provocar o sensorial, o luxo – quase sempre de forma provocadora, especialmente com o retorno da magreza e das canetuxas de emagrecimento. É quase como se nos lembrassem que “we can look, but we can’t touch”.
No SIGNALS, não gosto de ser pessimistas sobre qualquer movimento, deixo isso pros criadores de conteúdos sobre comportamento do instagram. Mas vamos ver como essa edição vai terminar (são 17h de sábado e ainda não almocei). Segundo o escritor americano AJ Liebling: “The primary requisite for writing well about food is a good appetite…”
Nos Estados Unidos, cerca de 2% da população adulta já usa GLP-1 (Ozempic, Mounjaro…) para tratamentos de obesidade, segundo o report da Fair Health, lançado em maio deste ano. No Brasil, o dado que encontrei é de dezembro de 2024, no qual os registros somam mais de 13 milhões de pessoas. Mês passado, a EMS anunciou que suas primeiras canetas já estavam sendo comercializadas, e a estimativa é que 250 mil unidades deverão estar disponíveis no varejo até o final do ano, chegando a 500 mil canetas até o mês de agosto de 2026.
ECONOMIA DA SACIEDADE
Usuários de medicamentos GLP-1 estão reduzindo bastante as idas a restaurantes e pedidos de delivery, segundo um relatório da Bloomberg Intelligence. Uma pesquisa com 1.000 usuários nos EUA mostrou que cerca de 54% disseram comer fora “bem menos” ou “menos” desde que começaram o tratamento. Quase o mesmo número afirmou pedir menos comida por delivery.
A rede americana Clinton Hall, de NY, conhecida por suas porções fartas, apresentou aos seus clientes o “mini menu”. No combo de U$8, é possível degustar um mini burguer, mini fritas e um copo pequeno de cerveja por um terço do preço de um tamanho normal.
Essa estratégia é um reflexo da adaptação a um público que cresce cada vez mais e que evita ir aos restaurantes, pois sente saciedade mais rápido. Assim, o valor investido em comida acaba não compensando.
Outros restaurantes que também estão adotando os “menus GLP-1” relatam a diminuição de comidas desperdiçadas. Segundo o relatório de 2025 da Recycle Track System, 40% da comida servida em restaurantes nunca é consumida.
Em outubro, Smoothing King, a rede americana de smoothies com foco em frutas e vegetais integrais, lançou no seu app um menu “de apoio para GLP-1” com cinco opções, ricas em proteína e fibras e com baixo teor de açúcar. Em março, o cardápio passou a ser oferecido nas lojas.
Medicamentos como Ozempic e Wegovy também reduziram o desejo por álcool, o que levou alguns restaurantes a criarem mini coquetéis. Além disso, na pesquisa da IFMA (The Food Away from Home Association), foi divulgado que 23% dos usuários entrevistados e interessados no tratamento pretendem beber apenas água durante o período de uso das canetadas. Mais de um em cada cinco disseram evitar café e bebidas alcoólicas, e quase 40% declararam que querem reduzir o consumo de refrigerantes.
Segundo a matéria “Ozempic has curbed the obesity crisis. Has it killed the joy of food?”, podemos ver o retorno da nouvelle cuisine, movimento gastronômico francês dos anos 1960 e 1970, pratos chiques, leves e minimalistas. Algo meio a feijoada do Chay Suede.
PEQUENAS PORÇÕES, GRANDES SIGNIFICADOS
Agora, mais do que nunca, a alimentação inclusiva, que abrange produtos veganos, sem glúten, sem lactose e outras categorias, conquistou espaço fundamental nas prateleiras dos supermercados. Um novo perfil de consumidor chegou para impulsionar esse movimento. De acordo com a FMA (The Food Away from Home Association), proteínas magras e opções à base de plantas estão entre as preferências mais desejadas por pessoas em uso de medicamentos GLP-1.
A Danone, por exemplo, sentiu um crescimento na procura por seus iogurtes de alta proteína e baixa caloria nos EUA. Esse aumento descobriu-se ligado ao uso de tratamentos anti-obesidade. A Nestlé norte-americana anunciou no final de maio de 2024 o lançamento da linha de congelados Vital Pursuit, com o objetivo de atender a pessoas que usam GLP-1. A linha conta com 12 refeições com porções controladas, ricas em proteínas e fibras, destinadas a apoiar o controle de peso.
Agora que nos atualizamos sobre o atual status de remédios como o Ozempic, podemos falar sobre outro movimento que tem tomado conta do meu TikTok: conteúdos de snacks. Hashtags como #SkinFood (75,7K publicações) e #HealthySnacks (195,4K publicações) se tornaram a minha nova obsessão, principalmente depois do meu workshop.
Normalmente, quando converso sobre comida, as únicas palavras que conheço são proteínas e carboidratos. Mas, depois de começar a consumir os conteúdos de creators que preparam snack plates repletos de comidas saudáveis e suculentas, que possuem um real significado no seu consumo, minha ótica começou a mudar um pouco.
Nomes como @danicolexx, @takevan e @alissasmagic são as minhas favoritas. Se você for um ser de luz, como eu, deve odiar vídeos de mukbang, mas essas três criadoras de conteúdo vão resgatar o que pode ser um momento ritualístico com a comida.
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A MESA COMO PONTO DE ENCONTRO
Uma das discussões mais interessantes do workshop gastronômico foi sobre como a comida pode ser um ponto de encontro para socialização, algo especialmente relevante em tempos em que passamos a maior parte do dia diante de telas e em que enfrentamos uma verdadeira epidemia de solidão.
Assim como clubes de livros ou de cinema, os clubes gastronômicos vêm conquistando cada vez mais espaço, reunindo pessoas independentemente de suas habilidades culinárias, pois a lógica é a mesma: a comida como experiência social e uma poderosa forma de compartilhar cultura e conexão entre comunidades.
Outro movimento, que não é novo, mas que se tornou uma opção de socialização por pessoas que estão cansadas da noite noturna, são os eventos de jantares temáticos. De acordo com um relatório de 2024 da National Restaurant Association, esse formato registrou um crescimento de 32% desde 2021.
Muito mais do que simplesmente sentarmos na mesa e contarmos quantas calorias estamos ingerindo, precisamos resgatar a experiência em torno da alimentação através das memórias afetivas, nutrindo um momento de celebração, decura, e de conexão com o presente.
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