✨ EDIÇÃO #10
Luta Livre I Esporte I Comportamento I Love Lies Bleeding I SUKEBAN I Conexão I Clairo
Recentemente, tive que ler sobre a Economia da Solidão para um trabalho e fiquei surpreso com o número de pessoas que estão optando por se isolar do convívio social, seja por impactos emocionais causados pela pandemia, ou pelo fardo que essa convivência traz.
Quem me conhece sabe sobre a minha relação de amor e ódio com o home-office. Às vezes fico 4 dias dentro casa (sem nem perceber) e tenho a sensação que estou com cada vez menos interessado em mudar essa rotina. Porém, como forma de não me acomodar no isolamento, me matriculei na academia e também estou em busca de algum curso presencial que me tire desse estado de encasulamento.
Essa questão do toque humano e da troca me impacta de maneira extremamente positiva. Gosto de aperto de mão firme, de abraço forte. Sinto que isso transmite uma sensação maior de conexão entre as pessoas— e talvez até mesmo nos conecte mais com o presente.
O toque físico é importante para o bem-estar mental e pode estimular o sistema nervoso aproduzir hormônios que geram sensação de bem-estar, segurança e conforto. Pensando nisso, uma modalidade de esporte me vem à mente: a luta.
A LUTA COMO ESTÉTICA
Na última temporada de moda primavera-verão 2025, marcas como Namilia, David Koma, Yuhan Wang e Mains, assim como a instituição The Swedish School Of Textiles, apresentaram propostas nas quais a luta apareceu como fonte de inspiração através de acessórios, gráficos e elementos de cenários.
A estilista Yuhan Wang relatou que sua coleção foi inspirada no pioneirismo de mulheres nos esportes de luta, além de ter Jane Couch (a primeira boxeadora licenciada no Reino Unido), Laila Ali (filha do Muhammad Ali) e Bridgett Riley como musas.
Wang também trouxe para a sua coleção uma leitura coquette do esporte, aplicando acessórios como luvas de boxe no tom azul bebê com detalhes em rendas ou até mesmo revestidas de veludo — dando, assim, um toque de luxo aos looks.
UM NOVO CLUBE DA LUTA - O TEMA NA SÉTIMA ARTE
Esse ano, tivemos o thriller de romance lésbico, "Love Lies Bleeding": a narrativa acompanha o relacionamento entre uma gerente de academia, que faz parte de uma família criminosa, e uma ambiciosa fisiculturista. Sei que estamos falando mais sobre luta, mas vejo uma relação do fisiculturismo com a conexão entre mente, corpo e performance.
Vale comentar também que este mês foram divulgadas as primeiras imagens da atriz Sydney Sweeney no filme biográfico da boxeadora Christy Martin, conhecida como a "Rocky mulher". Martin foi uma lutadora LGBTQIA+ nascida e criada em um lar conservador, e foi a primeira boxeadora a ter destaque na capa da revista Sports Illustrated.
Outro grande lançamento nessa temática é a aguardada sequência do filme Gladiador, de 2000. O novo filme será protagonizado por Paul Mescal e Pedro Pascal.
DELINQUENTES KAWAII
Fundada em 2022 pela designer Olympia Le-Tan e seu cunhado Alex Detrick, a liga japonesa de luta livre feminina SUKEBAN combina o entretenimento e a luta livre com a estética kawaii, moda latex e beleza neon. O termo pode ser traduzido como “garota delinquente”.
As lutadoras de Sukeban são divididas em quatro grupos: as Cherry Bomb Girls, as Harajuku Stars, as Vandals e as Dangerous Liaisons. Esses grupos, referidos também como “gangues”, são cheios de personagens de diferentes idades, tipos de corpo e personalidades, e com estéticas próprias.
A fotógrafa Gracie Brackstone fez um trabalho fantástico para a revista Dazed, com fotos que mostram as estéticas singulares das Sukeban.
MÚSICA, LUTA E INTIMIDADE
Em agosto, a cantora Clairo compartilhou (após quase uma década) seu primeiro videoclipe. No vídeo de “Juna”, uma das melhores músicas de 2024, a cantora e compositora visita um espaço de luta livre e nos transporta, durante 3 minutos e 15 segundos, para um ambiente com muita troca de fluidos corporais e toques, enquanto ela estabelece uma atmosfera calma com sua voz e melodia.
Na letra, Clairo explora o fato de possuir um nível de conexão tão profundo com seu parceiro a ponto de todas as suas interações se tornarem instintivas. Ela canta:
“I don’thave to think with you, there’s no pretending.”
Essa conexão entre corpos me vem em mente quando penso em como estamos presenciando esse esporte ganhar espaço em produções cinematográficas, musicais ou de outras modalidades, seja como tema principal ou referência de narrativa.
Em tempos onde estamos cada vez mais desconectados e solitários, não me surpreende estarmos vendo o contato físico do universo da luta ser explorado de maneira tão poética, delicada e romântica.
Como sempre, conteúdo diversificado e de qualidade ❤️ arrasou